domingo, 1 de novembro de 2009

Mais um pouco de arte





O trabalho do Guilherme César Saldanha publicado no início dessa semana rendeu muitos comentários e acessos ao blog. Fiquei muito feliz em divulgar o trabalho de um jovem santista e acho que todos gostaram.

Para continuar falando sobre arte, apresento agora os desenhos do gaúcho Júlio Cunha Neto(ou, simplesmente, Julinho). Com 29 anos, ele é repórter na RBSTV de Santa Cruz e ilustrados nas horas vagas. Seus desenhos podem ser vistos no blog http://julinhoeseusdesenhos.blogspot.com. Abaixo, uma rápida entrevista com o Julinho.

Inessa - Como surgiu o teu interesse pelos desenhos/caricaturas?
Julinho: Ainda nos meus primeiros anos de vida, virei telespectador cativo dos Looney Tunes, do Pica Pau e da dupla Tom & Jerry. O mundo fantástico de Walt Disney também despertava minha atenção e imaginação. Adorava passar para o papel os episódios que assistia na TV para, em seguida, mostrar para meus pais. Foi o primeiro passo para que, posteriormente, eu passasse a criar meus próprios personagens e histórias em quadrinhos.


Inessa - Como aprendeu? Já fez algum curso?

Julinho: Considero-me um autodidata. Observava o traço dos personagens do Maurício de Souza, dos desenhos animados da Warner e da Disney e tentava adaptá-los ao papel. Aos poucos, fui criando o meu próprio estilo. Na 6ª série do Ensino Fundamental, cheguei a participar de uma oficina de Desenho Humorístico – a qual foi muito importante para aprimorar a base que já possuía.


Inessa - Começou com quantos anos?

Julinho: “Oficialmente” aos cinco anos de idade. (risos) É a lembrança mais remota dos meus primeiros desenhos – ainda muito “toscos”, é claro – que mostrava para os meus pais. Adorava desenhar o Pato Donald, o Pernalonga e outros personagens que assistia na TV. Nos anos iniciais de escola, a professora propôs que cada aluno fizesse uma história em quadrinhos. Na época, criei o meu primeiro personagem: o Capitão Jacaré (tá, podem rir, mas eu tinha apenas 7 anos...) e, a partir daí, não parei mais. Virei “o desenhista da turma”. Aos 13 anos, comecei a publicar minhas histórias em quadrinhos semanalmente no jornal Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul. Meus três principais personagens, os patos Kato, Oto e Tato, viraram sucesso entre a criançada da cidade.


Inessa - De onde vem tua inspiração?

Julinho: Apesar de ser um ávido leitor do gênero “super-heróis”, prefiro um desenho com o traço mais “cartunesco” – vide Turma da Mônica e personagens da Disney. Entretanto, faço desenhos não apenas para as crianças, mas também pensando em públicos de várias idades. Gosto muito do humor nonsense, simples e inteligente. Nesse sentido, Bob Esponja, Os Simpsons e As Terríveis Aventuras de Billy & Mandy estão entre os meus desenhos animados favoritos.


Inessa - Algum artista te inspira?

Julinho: Gosto de ler quadrinhos e assistir a desenhos animados para observar o estilo adotado em cada produção. Nos gibis, Maurício de Souza é minha inspiração maior, mas, recentemente, fiquei muito interessado na série Bone, do premiadíssimo Jeff Smith. Uma adorável leitura. Na TV, procuro assistir principalmente às produções do Cartoon Network.

Inessa - Pensa em seguir carreira?
Julinho: Nos últimos dez anos, fiquei completamente afastado das ilustrações. Foi num encontro com minha turma de infância, em Porto Alegre, no final de 2008, que veio a decisão de voltar à ativa. Amigos que eu não via há mais de uma década ainda me conheciam como “o Julinho dos desenhos” e achavam um absurdo eu ter sufocado essa minha aptidão. Desde então, tenho feito tiras inéditas de meus personagens e intensificado a produção de caricaturas por encomenda.


Inessa - Jornalismo ou arte? Tem como fazer uma escolha?

Julinho: Difícil pergunta. São duas áreas que impõem grandes obstáculos para quem almeja o crescimento profissional e, que, por isso, exigem grande dedicação. Sou apaixonado por ambas. Mas quanto a optar por uma ou outra? Tudo depende das oportunidades que podem estar me esperando lá na frente.

Inessa - Em média, quanto tempo demora para fazer uma caricatura?
Julinho: Depende do “caricaturado”. (risos) Tem pessoas que são facilmente transformadas em caricatura. Você sabe direitinho que precisa fazer uma boca maior, um olho mais puxado ou orelhas de abano. Com outras “vítimas”, porém, há uma dificuldade maior em captar um trejeito ou detalhe que possa facilitar na identificação e no efeito humorístico.

Inessa - Quais são os seus desenhos favoritos? e caricaturas?
Julinho: Gosto muito das historinhas do Kato, Oto & Tato. Por esse motivo, providenciei até o registro autoral desses personagens. São três patos que vivem no lago de um parque e fazem de tudo para tirar proveito dos outros. Loucos por comida, atazanam, principalmente, o pipoqueiro local – que, aliás, é a “escada” para as piadas deles. Quanto às caricaturas, destaco duas: da minha ex-colega de RBS, Regiana Ferreira, e da minha namorada, Adriana. A primeira foi um presente de casamento; a outra, de aniversário.

Inessa - Nunca pensou em publicar teu trabalho? Tem idéia de quantos tu já fez?
Publiquei as historinhas dos patos entre 1993 e 1996 na Gazeta do Sul. Posteriormente, fiz charges para o Riovale Jornal (também de Santa Cruz do Sul) até 1999, quando comecei na RBS TV. Atualmente, estou divulgando minhas ilustrações no blog http://julinhoeseusdesenhos.blogspot.com.

Inessa - É possível viver de arte no brasil?
Julinho: É preciso talento e persistência. O Brasil possui uma gama muito grande de desenhistas talhados para o sucesso, à espera de uma oportunidade. A ascensão de nomes como Fabio Moon e Gabriel Bá, que têm conquistado a crítica americana, dá esperança àqueles que almejam investir no ramo. De qualquer forma, não é nada fácil chegar ao patamar de um Maurício de Souza que, além de quadrinista, soube ser também um empresário de sucesso.

Inessa - Que sites de desenhos (caricatura, cartoon, charge e quadrinhos) vc recomenda?
Julinho: Acesso diariamente o blog Tinta China, da Grafistas Associados do Rio Grande do Sul (http://grafar.blogspot.com). Tem, também, o Nóis na Tira, do Rodrigo Leão (http://noisnatira.com) e Os Passarinhos, do Estevão Ribeiro (http://ospassarinhos.wordpress.com). Valem uma conferida e, inevitavelmente, umas boas risadas. (risos)

Um comentário:

  1. Oi, Inessa... Fazendo uma procura de praxe por citações dos Passarinhos encontrei você! Obrigado pela recomendação, viu?
    Sucesso e parabéns pelos trabalhos!

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